Retornando ao corpo

Vivemos em uma era em que o estresse se tornou um dos principais ingredientes disparadores de desequilíbrios físico-psíquico-emocionais, deixando-nos mais vulneráveis às doenças cardíacas, circulatórias, digestivas, endócrinas, imunológicas, tensões musculares, insônia, ansiedade, depressão, síndrome do pânico, dores crônicas como fibromialgia, enxaqueca entre outras. 

Apenas “sobrevivendo” em um mundo competitivo e imediatista, muitas vezes perverso, mal temos tempo para prestar atenção em nosso corpo – suas necessidades mais profundas, que vão além do físico, e como ele (o Corpo) expressa o que a mente consciente não suporta encarar e muito menos expressar em palavras. 

Acuados pela dor e sofrimento, perdemos a conexão com o nosso corpo – a consciência corporal. Para não sentimos essa dor emocional, fixados em um padrão defensivo, nós nos condenamos a também não sentir prazer e alegria, transitando pelo mundo anestesiados simplesmente porque nos esquecemos de como relaxar e sentir. E a dor e tensão física, a doença, tornam-se o único lembrete de que temos um fragmento de corpo.

A necessidade do resgate da integração entre a mente e um corpo inteiro não é uma mera questão filosófica, mas uma realidade fisiológica. Temos em nosso cérebro regiões responsáveis por cada sentimento – raiva, culpa, vergonha, prazer e recompensa. Em um complexo circuito de feedback com as sensações (e emoções) físicas, incluindo as reações orgânicas, o equilíbrio fisiológico (homeostase) é quebrado. Embora o corpo tenha a capacidade inata da autorregulação, uma condição crônica de estresse e traumas emocionais, vão tornando-o cada vez mais vulnerável, expondo-o ao adoecimento físico e psicoemocional. 

Nosso corpo é a expressão do que somos, sentimos e pensamos. É parte insubstituível da integridade psíquica, portanto todo o processo de reabilitação física e mental, passa invariavelmente por um processo de autoconhecimento e consciência corporal – é o olhar para as experiências vivenciadas através do corpo, e assim ajudá-lo a liberar-se de suas cicatrizes.

A percepção de si mesmo, traz a luz da consciência a responsabilidade de cada um sobre o próprio processo de doença e cura

         “O prazer e a alegria de viver são impensáveis sem luta, sem experiência dolorosa e sem conflitos desagradáveis consigo mesmo” (W. Reich)